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Como é a primeira consulta de Psicologia? Especialista da AfroSaúde orienta sobre o que esperar desse momento

Os reticentes à terapia podem até não admitir, mas essa é uma pergunta comum e até determinante para começar ou não o tratamento psicoterapêutico.

“Como é a primeira consulta com o psicólogo?” 

“Sobre o que devo falar na primeira consulta com o psicólogo?”

“Posso ficar em silêncio na primeira consulta com o psicólogo?” 

“O que fazer, se eu não gostar do psicólogo?” 

Nesse texto você encontrará tudo o que precisa saber sobre a primeira vez com um profissional da psicologia. Mas, antes, é preciso ressaltar que o tratamento psicoterapêutico é fundamental para quem está em sofrimento emocional, na medida em que ajuda a entender as razões dessas dores e a encontrar alternativas para lidar com elas.

Alguns sintomas podem indicar a necessidade de suporte profissional, como ansiedade, irritabilidade, sono irregular (dormir demais ou insônia).

“Quando a irritabilidade se repete três vezes na semana ao longo de um mês, é algo fora do comum. Pode ser sinal da iniciação do processo depressivo. (…) Não é só ausência de objeto específico, mas o tempo que ela acompanha. A partir de duas semanas, é algo a ser interrogado”, alerta o psicólogo Pedro Dias, da rede AfroSaúde. 

Dito isso, leia com atenção as orientações do psicólogo Pedro Dias, da rede AfroSaúde, e se encoraje para dar o primeiro passo rumo ao cuidado com sua saúde emocional. Confira!

Como é a primeira consulta com o psicólogo

“A primeira consulta tem a função essencialmente de fazer uma hipótese diagnóstica para o profissional. A partir do que a pessoa fala, vai possibilitando um conjunto de informações ao longo de 50 minutos, que permite ao profissional fazer a hipótese diagnóstica a partir do que ela está falando. Isso dá referência e, como hipótese, é passível de ser modificado ao longo do processo. Por isso a importância de não ser um único atendimento para fechar o diagnóstico.

No primeiro atendimento, a pessoa pode dizer o que quer, mas nem sempre é possível, como em casos de violência ou abuso sexual. Nem sempre a pessoa chega e traz todos os elementos ali, mas é possível o profissional ir captando o conjunto e os elementos que ela traz. Não tem uma norma, nem a pessoa que procura deveria se ocupar com a ideia de que tem que falar tudo.”

Como perceber que aquele psicólogo é o “certo”

“É preciso sentir algum nível de acolhimento, se sentir confortável com a experiência, que é muito rápida — 50 minutos —, mas se sentir levemente confortável com aquilo. Tanto com as perguntas realizadas quanto com o tempo que é dado para as respostas. É sentir que com aquela pessoa é possível continuar, querer voltar mais uma vez.

Acontece às vezes de a pessoa ir numa primeira entrevista e ela não ser muito boa, mas, essencialmente, se o profissional te deixou confortável, te escutou, fez intervenções que te tocaram e colocaram no campo da reflexão, é um indicativo interessante. É possível, e o ideal, que isso ocorra já no primeiro contato, porque naquele momento os dois estão se avaliando em alguma medida — o profissional, a avaliação mais técnica; o paciente, se entregando e trazendo elementos mais íntimos.

A primeira entrevista é um processo bastante delicado, mas é possível a pessoa perceber isso. É se localizar nesse lugar de conforto: se o psicólogo te deixou confortável, se você se sentiu seguro para dizer o que tinha a dizer, se efetivamente sentiu vontade de retornar para um segundo atendimento. São indicativos básicos: conforto e segurança.” 

Como acontece a evolução do tratamento psicoterapêutico

“Na primeira consulta é possível estabelecer ou não a relação transferencial, de deslocar as construções que a pessoa foi fazendo na figura do profissional. Se a pessoa voltou para o segundo atendimento, o que vem de desenvolvimento agora é a partir da hipótese diagnóstica. O profissional vai começar a trabalhar para fazer as intervenções adequadas para desemaranhar o que está causando o sofrimento, que é o sintoma.

O sintoma altera a percepção da realidade. No caso da depressão, ela altera a realidade de tal modo que a pessoa acredita, em um dado momento, que a solução para ela é a morte física. O que o profissional vai fazer ao longo das sessões é reconectar a pessoa com a realidade dela; é estimular a conexão com a realidade que é desejável e amável. 

No caso do racismo, que é muito violento e produz tentativas de suicídio, é que uma vez estabelecida a violência racista, ela produz uma alienação. O sujeito se aliena do seu próprio afeto, de se amar e se localizar como desejável, e adota o discurso do racista, passando a se odiar. É essa violência que estrutura o racismo. Não tem racismo sutil, assim como não tem machismo sutil ou misoginia sutil. É violento, pois faz a pessoa, uma vez violentada, adotar o discurso do agressor contra si.” 

E se não gostar do psicólogo…

“Se você foi escutado e sentiu que foi acolhido, faz sentido voltar para uma próxima consulta. Mas se não sentiu isso, é o caso de procurar outro profissional, no sentido de encontrar pelo menos um que vai fazer a escuta adequada e produzir em você o efeito do conforto. Se você sentiu que foi acolhido, mas não tanto, pode ser interessante voltar e tentar mais uma vez.

Tem algo que é muito sensível… Nas minhas primeiras entrevistas, tomo muito cuidado de não ir fundo nas intervenções, porque não faz muito sentido, o laço terapêutico não está muito estabelecido. Uma interpretação errada pode ser muito violenta, algo que produz não o conforto, mas deixa a pessoa mais angustiada. Até porque, quando a pessoa chega a procurar atendimento, significa que a teoria que ela construiu ao longo do tempo se fragilizou, ou seja, a teoria que dava sentido e organiza sua vida não dá mais conta.

É isso que leva à experiência de irritabilidade, insônia e ansiedade. O processo psicoterapêutico vai produzir o alívio da tensão, para poder começar a atuar efetivamente no que produziu esses sintomas. Os sintomas psíquicos, assim como a febre, são só um sinal. A pessoa estar irritada, com insônia ou ansiedade não é o problema em si, é o sistema psíquico se defendendo de algo. O que produz a ansiedade está mais embaixo. É preciso investigar.”

Percebeu como não precisa temer a primeira consulta com o psicólogo? Acesse a AfroSaúde e comece a cuidar da sua saúde mental! 

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