O diagnóstico de câncer de mama não é fácil. Como o câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo, é também o que mais provoca impactos na saúde mental de mulheres cisgênero, pois atinge símbolos que caracterizam a feminilidade em nossa sociedade: os cabelos e os seios.
Por esse motivo, o câncer de mama é considerado um fator de risco para o transtorno depressivo. Além da alteração na percepção da autoimagem, a performance do que foi convencionado como “ser mulher” e autoestima são afetadas negativamente. O prejuízo alcança diferentes áreas da vida dessa paciente: lazer, relações profissionais, relacionamentos afetivos.
Cuidar da saúde mental é, portanto, um dos pilares que sustentam a travessia por essa enfermidade. Estudos já indicam como a atenção aos problemas psicológicos decorrentes do diagnóstico de câncer pode beneficiar significativamente o tratamento.
Continue a leitura e confira!
O diagnóstico do câncer de mama
O câncer de mama é o que mais atinge mulheres em todo o mundo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), representa 24,5% das neoplasias diagnosticadas em mulheres. No Brasil, a estimativa é de 61,61 casos a cada 100 mulheres.
Esse tipo de câncer é também o que mais mata mulheres no Brasil. As maiores taxas de incidência e mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, de acordo com o instituto.
O diagnóstico é feito após uma investigação, que inclui exame clínico, exame de imagem e biópsia, caso seja encontrado algum nódulo ou caroço nas mamas. O autoexame, inclusive, é extremamente necessário para diagnóstico precoce do câncer de mama, porque é através desse procedimento que se percebe a existência de algo incomum.
Outros sintomas também devem deixar a mulher em alerta, como:
- Existência de caroço endurecido, fixo e indolor;
- Pele da mama avermelhada ou enrugada, como uma casca de laranja;
- Alterações no mamilo;
- Saída de líquido de um dos mamilos;
- Nódulos no pescoço ou na região das axilas.
Não há causa única para o câncer de mama. No entanto, alguns fatores estão relacionados, entre os quais:
- Envelhecimento;
- Histórico familiar;
- Consumo de álcool;
- Excesso de peso;
- Sedentarismo;
- Exposição à radiação ionizante.
Estudos também comprovam que perturbações emocionais também podem se tornar um fator de risco para o surgimento dessa doença. Isto ocorre porque as alterações bioquímicas provocadas pelo estresse emocional prejudicam o bom funcionamento do sistema imunológico e deixam o indivíduo mais vulnerável.
Independentemente da causa, existem diferentes opções de tratamento para o câncer de mama. Entre eles, estão: quimioterapia, radioterapia, cirurgia (mastectomia) e hormonioterapia. A quimo e a radioterapia costumam causar mais estresse nas mulheres, enquanto as cirurgias interferem na percepção da autoimagem.
Confira abaixo algumas respostas emocionais comuns ao câncer de mama.
Saúde mental e câncer de mama
Pesquisadores se referem ao câncer de mama como “doença com consequências desfigurantes” e não é à toa. Além do tratamento acarretar perda de pelos, cansaço, mal estar e indisposição, a cirurgia tira da mulher um dos símbolos de feminilidade em nossa sociedade. Passar pela mastectomia angustia e fragiliza o emocional das pacientes, que já têm de lidar com preocupações, como sucesso do tratamento, sobrevivência e suporte afetivo.
Diante de tantos fatores de crise, a resposta emocional ao diagnóstico de câncer tende a ser intensa. Confira abaixo quais condições são mais frequentes:
- Ansiedade e depressão, associados a variáveis demográficas, econômicas e emocionais;
- Sentimento de medo constante e insegurança que diminuem a qualidade de vida;
- Mudança na percepção corporal e da identidade feminina, devido à perda do seio e dos cabelos;
- Medo do abandono do cônjuge, uma vez que o câncer de mama é encarado como “defeito no corpo”;
- Medo de perder a fertilidade e o poder de escolha sobre uma gestação;
- Medo da morte;
- Angústia severa quanto à sua imagem corporal, nos casos de mulheres que não têm condições de fazer a reconstrução da mama;
- Medo da dependência;
- Medo de estigmas;
- Isolamento.
O suporte psicoterapêutico é essencial para lidar com essas respostas emocionais e melhorar a qualidade de vida durante o tratamento do câncer de mama. Veja a seguir!
Como lidar com o diagnóstico de câncer de mama
O suporte psicológico é fundamental para lidar com o diagnóstico do câncer de mama. O suporte à paciente e a seus familiares impacta na sua adesão ao tratamento, no ajustamento da doença, na redução dos distúrbios emocionais — como os já citados no item anterior — e na diminuição dos sintomas associados ao câncer.
Particularmente no caso das pacientes, a saúde mental deve ser levada a sério tanto quanto o tratamento físico. Isso vale não apenas para profissionais da saúde mental, como também para familiares, amigos e colegas de trabalho de pessoas com câncer.
Veja abaixo como lidar com o diagnóstico de câncer de mama.
Se for você a paciente:
- Evite o isolamento;
- Busque suporte profissional, seja em terapia individual ou em grupo, com pessoas que estejam passando pelo mesmo momento que você;
- Aprenda técnicas de relaxamento, para que você consiga controlar as emoções e efeitos colaterais do tratamento, como dor, náuseas e vômitos;
- Não banalize sua preocupação com a vida sexual, porque esse é também um fator considerável na qualidade de vida.
Se você conhecer alguém com câncer de mama:
- Acolha as vulnerabilidades da paciente e foque em melhorar sua qualidade de vida;
- Seja parte da rede de apoio dessa pessoa, dialogue e estimule o compartilhamento de emoções;
- Não mude o tratamento após o diagnóstico, ou seja, não passe a tratá-la como doente ou incapaz por causa do câncer;
- Não banalize sua preocupação com a vida sexual e seus relacionamentos, pois a perda de elementos que caracterizam a feminilidade impacta na autoestima.
Em geral, cuidar da saúde mental após o diagnóstico do câncer de mama só traz benefícios. Além de estimular a comunicação, melhorar a qualidade de vida e reduzir os transtornos de humor, ainda influencia no aumento da sobrevida durante o tratamento.
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Referências
Importância da atuação do psicólogo no tratamento de mulheres com câncer de mama