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Saiba o que é o Transtorno do Processamento Sensorial

Foto de Vanessa Loring/ Pexels

A atriz Giovanna Ewbank emocionou a internet ao revelar como descobriu que o filho Bless, de 8 anos, sofre do Transtorno do Processamento Sensorial (TPS). Na ocasião, ela contou que o pequeno passou a ficar aéreo, a reclamar do cheiro e da textura de algumas coisas.

“Diversas vezes ele passava, por exemplo, pela cozinha, e falava: ‘Ai, que cheiro forte!’. E eu falava: ‘Bless, para com isso. É frescura, filho! É o cheiro da cebola!’. (…) Queria muito colo, não gostava de ir para o meio do mato — onde a gente vai muito — porque o barulho das moscas incomodava ele”, disse.

A descoberta da condição a fez sentir culpa, já que poderia pensar pelo resto da vida que era frescura do filho. Mas não é, pelo contrário, é uma dificuldade do sistema nervoso central em processar informações recebidas.

A terapeuta ocupacional Thalita Trindade, especialista em Intervenção Precoce na Infância pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membro da rede AfroSaúde, explica o que é o TPS e quais as formas de tratamento.

Confira!

O que é o TPS

“Atualmente chamado por Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), também é conhecido como Disfunção de Integração Sensorial (DIS). O transtorno se caracteriza pela dificuldade do sistema nervoso central em processar as informações recebidas, de modo que há alteração na forma em que esse processo neurológico responde ao ambiente.

Com sinais sensoriais não detectados ou não organizados em respostas apropriadas, diferentes sistemas sensoriais — como tato, visão, olfato, paladar, audição, vestibular e proprioceptivo — são afetados. Tais alterações podem interferir no desempenho da criança, que pode manifestar alterações em:

Para avaliar é necessário observações clínicas estruturadas e não estruturadas, avaliações específicas.

Estudos recentes sugerem que entre 60% e 96% dos indivíduos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam alterações de processamento sensorial, sendo utilizado no DSM-V como um dos critérios para o diagnóstico de TEA.

Como é o tratamento do TPS

O tratamento para o Transtorno de Processamento Sensorial é realizado apenas com o terapeuta ocupacional, certificado em Integração Sensorial. Apenas esse profissional está apto a identificar, avaliar e intervir no Transtorno de Processamento Sensorial. Demanda raciocínio clínico, avaliação com instrumentos validados, e uma abordagem cuidadosa e qualificada.

O raciocínio clínico irá direcionar a intervenção, caso a caso. Mas, a terapia de integração sensorial é baseada na promoção de estimulação sensorial, permeada por brincadeiras e atividades lúdicas onde a criança participa ativamente.

Então, no contexto do brincar são propostas experiências sensoriais através da motivação da criança e desafios propostos pelo terapeuta. A terapia precisa ser divertida e os desafios graduados, na medida certa para a criança. Durante esse brincar, inputs sensoriais são proporcionados para respostas adaptativas.

O TPS tem cura

Visto que não se trata de uma doença, não tem cura. Há evidências científicas que comprovam a eficácia do tratamento com integração sensorial, fazendo com que as crianças melhorem seu desempenho. São construídos novos circuitos no sistema nervoso central e, como o TPS é de base neurológica, o acompanhamento permeia a neuroplasticidade do cérebro — a neuroplasticidade é o processo em que o sistema nervoso modifica sua estrutura e função através da experiência. 

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