Como lidar com questões de saúde mental sendo LGBTQIA+


O direito de expressar a sexualidade e identidade de gênero é uma realidade em muitos países, mas ainda provoca dores emocionais e físicas na população LGBTQIA+. O preconceito ao qual essas pessoas são submetidas, por vezes aliado à violência ou ao medo de ser vítima dela, explica a grande incidência de depressão, ansiedade, transtornos alimentares e tentativas de suicídio dentro desse grupo.

A violência psicológica é apontada como maior parte das denúncias recebidas por meio do Disque 100, do Ministério da Saúde. Segundo dados citados pelo Fundo Brasil, com base no relatório Transgender Europe, estão incluídos nessa categoria ameaças, humilhação e bullying. 

A psicóloga Ayalla Dantas, que integra a rede de profissionais da AfroSaúde, explica que os jovens têm apresentado os maiores índices de adoecimento mental.

“Interseções como baixa renda, falta de acesso à educação, falta de rede de apoio, racismo, etc., são atravessadores que influenciam diretamente na saúde mental desses jovens. Segundo a OPAS, quanto mais expostos aos fatores de risco — como as barreiras sociais que os impedem de exercer sua autonomia, a dificuldade de se relacionar com seus pares e a não-permissividade para explorar sua identidade sexual —, maior o potencial impacto na saúde mental dos adolescentes”, acrescenta a profissional, citando a Organização Pan-Americana da Saúde.

Se no passado a relação entre pessoas do mesmo sexo era vista como crime e até mesmo doença, hoje é um pouco mais respeitada a orientação sexual ou identidade de gênero diferente do que é estabelecido como “normal” — ou seja, sentir atração por pessoas do mesmo sexo ou se identificar com o gênero oposto ao do nascimento. Em 2019, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia, equiparando-a ao crime de racismo.

No entanto, ainda pode ser difícil para algumas pessoas se reconhecer como parte do movimento LGBTQIA+. O processo de identificação ou descoberta é complexo e pode provocar desgastes emocionais, como o medo de não ser aceito, de não ter apoio da família, de ser também vítima de violência motivada por homofobia ou transfobia, como frequentemente é noticiado nos jornais, entre outros. 

A psicóloga Ayalla Dantas diz que não há uma forma correta de se perguntar sobre a própria sexualidade e identidade de gênero, porque o ideal é que o indivíduo avalie se está feliz, se faz sentido para si mesmo. Por outro lado, a especialista pondera que é impossível não se deixar atravessar pelos casos de homofobia, transfobia e outras violências relacionadas às pessoas LGBTQIA+.

“São narrativas que atravessam a existência, e não é fácil se desligar delas. O que acho que seria importante é tentar fortalecer suas redes de apoio e ir se fortalecendo em estar bem com sua mente, com as escolhas que são feitas para a vida. Digo isso não com relação à orientação sexual, mas às escolhas que qualquer pessoa faz. Às vezes até se distanciar um pouco, não consumir tanto essas notícias, e confiar nas potencialidades que existem”, aconselha.

Quando procurar ajuda

A psicóloga da plataforma AfroSaúde ressalta que a rede de apoio é importante, porque, às vezes, sozinhos não damos conta das nossas angústias. No entanto, a rede de apoio não precisa se limitar à família e aos amigos. 

O suporte profissional é indicado para ajudar a lidar com os prejuízos decorrentes do dano emocional. É o caso, por exemplo, de preocupação excessiva, taquicardia, tremores e outros sintomas físicos persistentes que influenciam de forma negativa o dia a dia da pessoa.

“A ansiedade é um fenômeno natural do organismo, mas quando ela começa a trazer algum tipo de dano, essa é a hora de procurar ajuda”, orienta Ayalla Dantas.

Com a depressão ocorre do mesmo jeito. Além da tristeza profunda, são sintomas da doença: acessos de raiva e irritabilidade incomum; perda do sono ou sono excessivo; ganho ou perda excessiva de peso, sem nenhum tipo de intenção para isso.

“Sempre que observar que esses sintomas estão trazendo prejuízo, influência negativa no decorrer do dia a dia, aí é o momento de alerta para procurar ajuda”, reforça.
Você se identificou com algum dos sintomas descritos acima? Baixe o app da AfroSaúde no seu celular e agende uma consulta com nosso time de psicólogos e psiquiatras!

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