A rotina intensa e as pressões sociais são alguns dos fatores que explicam a maior incidência de depressão em mulheres. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 280 milhões de pessoas em todo o mundo têm depressão, o que representa 5% dos adultos jovens e 5,7% dos adultos acima de 60 anos.
Mas as mulheres são mais afetadas do que os homens. Um estudo da Universidade da Califórnia, inclusive, mostrou que distúrbios crônicos inflamatórios deixam as mulheres mais vulneráveis à depressão, devido à diminuição da sensibilidade a recompensas.
Independentemente de fatores comportamentais ou biológicos, a psiquiatra Paula Dione, da rede AfroSaúde, explica que a depressão é complexa demais para que seja apontada apenas uma causa para seu desenvolvimento. Fatores socioambientais também influenciam no processo, como a existência de um suporte social, condições econômicas adequadas às suas necessidades e a dinâmica no relacionamento familiar.
“Especificamente em relação às mulheres, sabe-se que elas tendem a ter maior prevalência de depressão associada à ansiedade, o que pode ser um fator de agravamento, além de possuírem mecanismos específicos de resposta imune, hormonal e vascular, sendo que cada vez mais se entende o quanto esses fatores estão relacionados à incidência e à resposta ao tratamento da depressão. Pesquisadores e profissionais de saúde também estão cada vez mais atentos às questões sociais ligadas a gênero, raça, expressão sexual e outros fatores que são relevantes na atenção e cuidado integral ao indivíduo”, acrescenta Dione.
As alterações hormonais influenciam no quadro depressivo de diferentes formas. O estrogênio e a progesterona, por exemplo, têm grande influência no humor feminino e seus níveis sofrem modificações no ciclo menstrual, no pós-parto e na menopausa. Os distúrbios da tireóide, glândula responsável pelo equilíbrio hormonal do corpo humano, também propiciam o desenvolvimento da depressão.
Como saber se tenho depressão
A depressão é uma doença silenciosa. No entanto, seus sintomas são bastante característicos:
- Irritabilidade;
- Tristeza;
- Perda do prazer ou interesse em atividades do dia a dia;
- Dificuldade de concentração;
- Sentimento de culpa;
- Falta de perspectiva sobre o futuro;
- Pensamentos suicidas;
- Mudanças no apetite;
- Sono irregular;
- Cansaço excessivo.
A psiquiatra Paula Dione ressalta que esses sinais podem ser mais evidentes ou mais brandos, de acordo com a personalidade da pessoa.
“É necessário estar atento, oferecer escuta e, principalmente, demonstrar que não haverá julgamento para poder se aproximar de alguém que está passando por esse adoecimento. Além da escuta e apoio de quem está ao redor — amigos e familiares, quando possível —, é muito importante a busca de tratamento especializado com médico psiquiatra e/ou psicólogo, pois esses profissionais possuem experiência para identificar mais detalhadamente os aspectos do quadro e elaborar a abordagem terapêutica mais adequada ao processo”, acrescenta.
Em paralelo ao tratamento, a médica destaca a importância do equilíbrio de gênero a longo prazo, para que as pressões e expectativas sociais sobre as mulheres sejam equivalentes àquelas depositadas sobre os homens.
“Dialogar e expor ideias sobre as expectativas que se coloca sobre a mulher em termos de educação, atuação profissional, maternidade e desempenho em geral — até mesmo em situações simbólicas, como dirigir um automóvel — ajudam a trazer questionamentos para que a sociedade possa refletir e se posicionar de acordo com suas possibilidades, em termos de desenvolvimento humano”, defende Dione.
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Referências