3 coisas que você precisa saber sobre a síndrome da impostora


Dúvida quanto à própria competência, sensação de que a qualquer momento irão descobrir que você não é boa o suficiente… Pensamentos ansiosos são comuns em mulheres que desempenham funções importantes no mercado de trabalho. Conhecida como “síndrome da impostora”, a sensação de que não merece estar “” abala a confiança de 75% das mulheres, segundo um estudo da consultoria KPMG, feito em 2020.

O levantamento aponta ainda que 56% das 700 entrevistadas temiam que as pessoas ao seu redor não acreditassem que ela era capaz de realizar suas tarefas conforme o esperado. Além disso, um estudo feito pela Universidade da Geórgia indica que 70% das executivas entrevistadas se sentiam uma fraude no trabalho.

Você certamente já percebeu algo do tipo ou conhece mulheres que precisam lidar com esse sentimento todos os dias. A “boa” notícia é que, conhecendo a raiz desse problema, é possível transformar a percepção sobre si mesma.

Veja abaixo 3 curiosidades que você precisa saber sobre a síndrome da impostora!

A realidade social explica

O termo “síndrome da impostora” foi cunhado em 1978 pelas psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes, após uma pesquisa com 150 mulheres. Elas entendiam a síndrome da impostora da seguinte forma:

“(…) mulheres que experienciam a síndrome da impostora mantêm uma forte crença de que elas não são inteligentes; na realidade, elas se convencem de que enganaram todos que pensam de forma diferente”.

Esse sentimento encontra sustentação na realidade social. Naquela época, o mercado de trabalho era muito masculino. As mulheres antes eram vistas apenas como mães e donas de casa, até que na década de 1970 passou a ser mais comum sua presença nos espaços profissionais. Mudanças econômicas, sociais e culturais, como a industrialização e expansão da economia, são alguns dos responsáveis por essa transformação.

Olhando sob a perspectiva racial, a manifestação da síndrome da impostora é ainda mais intensa, uma vez que a nossa estrutura social não foi pensada para incluir mulheres negras. Originalmente, os espaços sociais compartilham valores e a figura do homem branco. Qualquer pessoa fora desse padrão se torna destoante.

Cultura absorvida na infância

A mulher “impostora” dificilmente reconhece sua inteligência e tende a menosprezar seu potencial intelectual. Uma das manifestações mais comuns da síndrome da impostora é a falta de autoestima para desempenhar uma função comumente associada aos homens. 

As expectativas sociais em torno da mulher, ensinadas desde a infância, ajudam a entender esse sentimento. Em primeiro lugar, as meninas tendem a ser elogiadas por sua beleza, enquanto os meninos são elogiados por serem espertos.

Além disso, as mulheres são sujeitas às chamadas “normas de modéstia” de forma mais direta que os homens, ou seja, são ensinadas desde cedo a não se gabar de sua própria inteligência. O estudo Gender stereotypes about intellectual ability emerge early and influence children’s interests, publicado na revista Science, mostra que as meninas deixam de ver a si mesmas como brilhantes e inteligentes a partir dos 6 anos de idade — mas reconhecem isso nos meninos.

O estudo avaliou crianças dos 5 aos 7 anos de idade e encontrou um resultado também curioso: aos 5 anos, meninas e meninos associam “inteligência” a seus próprios gêneros. O percentual não variou com os meninos mais velhos.

Autossabotagem é o principal sintoma

É comum ouvir de mulheres “impostoras” relatos de excesso de cobrança, perfeccionismo, necessidade de validação e dificuldade em se posicionar. O estudo de Clance e Imes, inclusive, listou como sintomas da síndrome da impostora:

  • Ansiedade generalizada;
  • Falta de autoconfiança;
  • Depressão;
  • Frustração quanto à incapacidade de atingir o nível de desempenho imposto a si mesma.

No entanto, pode-se dizer que a autossabotagem é o principal sintoma da síndrome da impostora. Ao se ver em um lugar que acredita não merecer, a mulher tende a desistir ou diminuir suas conquistas, normalmente atribuindo-as ao “acaso” e à “sorte” de estar “no lugar certo” e “na hora certa”. 

As mulheres com esse quadro também vivem dois extremos: ou deixam tarefas importantes para depois, por acreditarem que não conseguirão realizá-las, ou viram workaholics, porque precisam trabalhar mais do que os outros para “compensar” algo que não sabem exatamente o quê.

O autoconhecimento é fundamental para reconhecer o sentimento de autossabotagem e enfrentar os medos que podem impedir a mulher de progredir na carreira. Psicoterapia e psicanálise são caminhos seguros para essas descobertas.

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Imagem de karlyukav no Freepik

Referências

Forbes 

‘Empoderamento feminino nas empresas’  

‘A alta capacidade pela perspectiva das mulheres’ 

UOL 

Marie Claire 

Gender stereotypes about intellectual ability emerge early and influence children’s interests

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