7 personalidades negras que mudaram a saúde mental no Brasil e no mundo


A saúde mental é um assunto que diz respeito a todos, mas toca de modo muito particular pessoas negras e que são atravessadas por outros marcadores sociais. É o caso de mulheres, pessoas LGBTs, pessoas com deficiência, entre outros.

Considerando esses fatores, ter pessoas negras pensando a saúde mental é determinante para que preconceitos sejam desconstruídos. Com isso, perspectivas mais realistas passam a compor a esfera de produção de conhecimento sobre nossas demandas e necessidades.

Nos últimos dois séculos, tivemos nomes  importantes olhando de forma mais atenta e revolucionando a saúde mental de pessoas negras Continue a leitura para conhecer algumas dessas personalidades!

Juliano Moreira

O médico revolucionou as concepções e métodos da psiquiatria no Brasil. Ingressando na Faculdade de Medicina da Bahia com 15 anos, em 1886, se formou cinco anos depois. Juliano Moreira passou em 1º lugar para professor substituto da 12ª Seção, a cadeira de moléstias nervosas e mentais.

O baiano conquistou reconhecimento internacional por seu trabalho na atenção às pessoas com problemas mentais. Entre seu legado estão a formulação de novos modelos assistenciais psiquiátricos e a fundação da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins. Dá nome a um hospital psiquiátrico referência em Saúde Mental na Bahia. 

Frantz Fanon

O psiquiatra e filósofo martinicano é autor do clássico sobre estudos decoloniais ‘Pele Negra, Máscaras Brancas’. Outra contribuição do escritor foi o livro ‘Os Condenados da Terra’, resultado da sua luta na Frente de Libertação Nacional, durante guerra pela emancipação da Argélia. 

Fanon foi essencial para incentivar a reflexão sobre as implicações da colonização no reconhecimento de pessoas negras. A animalização do indivíduo negro o compartimenta em rótulos de conotação pejorativa.

Neusa Santos Souza

A psiquiatra e psicanalista baiana se radicou no Rio de Janeiro, onde construiu sua carreira acadêmica e atuou na militância antirracista. O livro ‘Tornar-se Negro’ é sua principal contribuição para os estudos das relações raciais no Brasil, reflete acerca do custo emocional da negação da própria cultura e do próprio corpo.

Neusa Santos Souza é considerada referência em questões raciais na psicologia.

Virgínia Leone Bicudo 

Foi a única mulher a fazer parte do primeiro grupo de estudos psicanalíticos no Brasil. Formada em Ciências Sociais, se destacou na área de saúde mental preventiva ao afastar a Psicanálise do Higienismo, tese que influenciava a medicina do século 20. É uma das responsáveis pela desconstrução acadêmica do determinismo biológico étnico-racial no Brasil.

Virgínia foi introdutora da função de psicólogo no serviço público paulistano e defensora do fim da exclusividade da formação em Medicina para ser profissional de terapia psicológica e psicanalítica. Ela defendia um curso específico para psicologia. 

Wade Nobles

O professor americano é considerado um dos arquitetos da Psicologia Negra Pan Africana. Nobres é um dos fundadores, ex-presidente e membro vitalício da Associação de Psicólogos Negros (ABPSy) dos Estados Unidos, professor emérito do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de São Francisco.

Os campos de estudo de Nobles são dinâmicas familiares em afro-estadunidenses, sistemas espirituais africanos e libertação da mente africana. O professor é fundador e diretor-executivo do Instituto de Estudos Avançados da Família, Vida e Cultura Negra.

Dixon Chibanda

O médico é um dos poucos psiquiatras que trabalham no Zimbábue, país africano com 16 milhões de habitantes. Diretor da Iniciativa Africana de Pesquisa sobre Saúde Mental, Chibanda é também professor da Universidade do Zimbábue e da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Chibanda desenvolveu o programa Banco da Amizade, no qual ensina técnicas de terapia para vovós do país praticarem gratuitamente em mais de 70 comunidades. O programa, criado em 2006, já foi expandido para outros países, como os Estados Unidos.

Lucas Veiga

Considerado um dos expoentes da psicologia preta no Brasil, é autor do livro ‘Clínica do Impossível: Linhas de Fuga e de Cura’, que reúne artigos sobre a saúde mental da população negra e o racismo no Brasil. Veiga é mestre em psicologia clínica pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Baixe o app da AfroSaúde e conheça nossa rede de profissionais de saúde mental!

Referências

Fundação Palmares 

NEABI Indica

Notícias da UFMG 

Psicologia e Africanidades 

El País Brasil 

Diplomatique 

SBMFC 

BBC Brasil 


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.