Estresse de minorias: como evitar gatilhos em pessoas negras, LGBT e com deficiências


As questões de saúde mental podem atingir todas as pessoas, independentemente de características físicas, orientação ideológica e sexual, cor da pele e etnia. No entanto, existem situações que impactam diretamente e de modo peculiar as minorias sociais.

Discriminação, rejeição, vitimização e bullying são situações com as quais pessoas negras, LGBTs, com deficiência e membros de outras minorias sociais são obrigados a lidar apenas por serem quem e como são. Esses estressores específicos e estigmatizados caracterizam o chamado estresse de minorias.

As consequências são dolorosas, como ansiedade e depressão e até ideação suicida. Mas você, que não é parte de nenhum desses grupos, pode ser um aliado na causa em prol da saúde mental de minorias sociais.

Continue a leitura para ver o que você pode fazer para evitar gatilhos mentais em pessoas negras, LGBTs e com deficiências!

O que é o estresse de minorias

A teoria do estresse de minorias foi desenvolvida nos Estados Unidos por Ilan H. Meyer, no início dos anos 2000, com o objetivo de sistematizar as condições vividas especificamente por minorias sociais. Sobre esse grupo, entende-se que minorias são pessoas que apresentam uma série de prejuízos devido ao estigma que lhe é associado. 

“Existe um conjunto de agentes estressores que podem acometer qualquer pessoa, como, por exemplo, desemprego, ruptura de vínculos, final de relacionamento, perda de alguém. Mas existe um outro conjunto de estresses que afeta especificamente determinados grupos; grupos estes que socialmente são vistos como inferiores, dissidentes, desviantes ou até mesmo corpos adoecidos que merecem algum tipo de intervenção ou de tratamento”, explica a psicóloga Cleciane Cruz. 

É o que acontece por causa da cor do gênero, cor da pele, alguma limitação física ou ainda devido à forma como o indivíduo expressa sua sexualidade. Numa sociedade heteronormativa e racista como a que nos estruturamos, o olhar sobre pessoas gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, negras e/ou com deficiência é carregado de preconceito, vitimização e capacitismo.

Ou seja, além das situações cotidianas às quais todos estão suscetíveis, como o fim de um relacionamento, a perda de um ente querido, a demissão do emprego ou a frustração com alguma relação de amizade, as minorias sociais estão expostas a estressores associados ao grupo minoritário do qual fazem parte. É uma espécie de “peso” a mais com que têm que lidar na vida cotidiana.

A teoria do estresse de minorias foi desenvolvida especificamente para pessoas lésbicas, gays e bissexuais, mas foi adaptada para outros grupos com o passar do tempo, por considerar que quanto mais status de minoria a pessoa acumular, mais prejuízos ela tende a ter para sua saúde mental. De acordo com Cleciane, uma pessoa que vivencia situações de capacitismo, racismo e LGBTfobia, por exemplo, pode desenvolver um estado de alerta constante e com isso:

  • Ansiedade;
  • Sensação de não-pertencimento e não-lugar; 
  • Esvaziamento de sentido da vida; 
  • Depressão;
  • Ideação suicida.

A psicóloga destaca o impacto do estigma em torno da pessoa com deficiência, por ser compreendida como um “estado diminuído do ser” em nossa sociedade.

“Essa ideia é a mesma que orienta essa estrutura social a se organizar de forma a excluir esses corpos e impedir sua participação social. Tanto em termos de acessos aos bens e serviços, ao exercício à cidadania e acesso à educação e trabalho, ao lazer e aos direitos sexuais e reprodutivos, como também nega a essa pessoa o direito de existir em sua integralidade de ser”, acrescenta. 

Como evitar a produção do estresse de minorias

A psicóloga Cleciane Cruz pondera que não há uma receita mágica para evitar o estresse de minorias, uma vez que se trata de opressões estruturais que organizam todo o sistema social e esse processo de desconstrução demanda tempo. No entanto, algumas iniciativas podem ser adotadas desde já para atenuar os efeitos ou contribuir para a redução da produção desse tipo de estresse. 

Por exemplo:

  • Criar espaço de escuta e acolhimento;
  • Não invalidar as experiências que essas minorias e grupos trazem acerca de suas vivências;
  • Atentar a práticas preconceituosas e discriminatórias em função da raça, do gênero, da sexualidade e da deficiência;
  • Construir espaços de discussões e falas sobre as experiências dos grupos minoritários.

Cleciane destaca que não temos combater algo que não existe ou as pessoas não sabem de que modo acontecem ou se estruturam. Ou seja, o suporte social é essencial para aumentar a sensação de pertencimento das minorias sociais e diminuir os riscos de sofrimentos psíquicos.

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