Meu parceiro tem HIV; e agora?


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Mesmo 40 anos desde os primeiros casos da Aids, síndrome da imunodeficiência decorrente da contaminação pelo HIV, muitos ainda são os estigmas relacionados à condição. Há a crença de que o diagnóstico positivo é uma sentença de morte, por exemplo, como também a ideia de que a pessoa soropositiva pode transmitir o vírus de qualquer forma.

Até mesmo por este mito, existe o estigma quanto ao relacionamentos afetivos e sexuais com quem testou positivo para o HIV. Independentemente de o diagnóstico ser conhecido antes ou após o início da relação, é importante saber que existem cuidados para evitar a transmissão entre casais sorodiscordantes — quando um é HIV+ e o outro, HIV-.

Continue a leitura para entender o que fazer, caso o seu parceiro ou parceira, ou até você mesmo, recebe um teste positivo para o HIV. Confira!

Quem tem HIV pode ter Aids?

A preocupação imediata após o teste positivo para o HIV é o desenvolvimento da Aids. A síndrome se manifesta nos estágios mais avançados da infecção pelo vírus, em decorrência da fragilização do sistema imunológico. Essa baixa capacidade de reação do organismo propicia o surgimento de doenças respiratórias, como pneumonia e tuberculose, além de insuficiência renal, doenças cardíacas e cânceres.

Antes disso, o Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) age silenciosamente. Quando esse retrovírus entra na circulação sanguínea, ataca os glóbulos brancos e altera o DNA dessas células, para que consiga se multiplicar. O período de incubação do vírus é longo, e os sintomas podem demorar até anos para aparecer.

Embora ainda não haja cura para o HIV, que seria a eliminação completa do vírus da corrente sanguínea, a melhor forma de combater a infecção é o diagnóstico precoce para que a pessoa possa ser submetida ao tratamento com antirretrovirais.

O “coquetel”, como é conhecido, consiste na combinação de medicamentos que, juntos, são capazes de diminuir a zero a taxa de multiplicação do HIV. Com isso, o vírus se torna indetectável e é também próxima de zero a chance de transmissão.

Continue a leitura para entender como essa possibilidade de tratamento impacta no relacionamento entre pessoas sorodiscordantes.

Meu parceiro ou parceira tem HIV. E agora?

Quando um dos membros da relação é HIV+ e o outro é HIV-, diz-se que eles são um casal sorodiscordantes. A única forma de saber se sua relação se encaixa nesse formato é, de fato, fazendo o teste do HIV. 

Autoridades de saúde recomendam que ambos se submetam ao teste, preferencialmente nos Centros de Testagem e Aconselhamento. É nesse espaço que o indivíduo, além de fazer o teste gratuitamente e de forma sigilosa, recebe acolhimento antes e depois do exame.

Uma vez que tenha sido feito o teste e o resultado, positivo, é comum o sentimento de medo, ansiedade e culpa. Não só devido ao diagnóstico em si, mas por causa dos receios e estigmas que giram em torno do HIV/Aids.

De todo modo, é essencial que o casal converse sobre a sorodiscordância, para que ambos possam se proteger, manter o organismo saudável e aproveitar de forma plena o relacionamento. Veja algumas dicas.

Como lidar com o resultado positivo para HIV:

  • Converse com seu parceiro ou parceira sobre o assunto, para que encontrem juntos formas de proteção;
  • Busque suporte profissional, com psicólogos e/ou assistentes sociais, para lidar com a informação — seja você o HIV+ ou o HIV- do relacionamento;
  • Lembre-se que é possível manter uma relação saudável e segura entre pessoas sorodiscordantes, afinal…
  • … Nem todo mundo que vive com o HIV tem carga viral detectável, logo, o risco de transmissão é quase nulo. Para isso, no entanto, é preciso seguir à risca o tratamento e manter a carga viral sob controle.

Além disso, é preciso lembrar que alguns cuidados precisam fazer parte da rotina do casal. O ideal, inclusive, seria que todos os casais, independentemente do teste de HIV, seguissem os cuidados a seguir:

  • Usar preservativo durante o ato sexual, inclusive, entre mulheres;
  • Ir a consultas de acompanhamento com regularidade; 
  • Evitar compartilhar seringas e agulhas;
  • Avaliar a possibilidade de a pessoa HIV- tomar os medicamentos da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP);
  • Testar-se regularmente para o HIV.

É fundamental lembrar também que ninguém é imune ao HIV. Mesmo uma pessoa HIV- pode ser infectada em algum momento de sua vida. A principal forma de evitar a transmissão é usando preservativo durante as relações sexuais.

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Referências

UFMG 
PrEP Brasil 
Cartilha AbiAidis 


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