A hipertensão arterial, ou pressão alta, é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e, nos últimos anos, tem sido diagnosticada em pessoas cada vez mais jovens. Isso acende um alerta para a importância da prevenção e do monitoramento precoce.

Em 2024, novas diretrizes foram divulgadas pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e trouxeram mudanças na forma como classificamos a pressão arterial, tornando ainda mais evidente a necessidade de atenção à saúde do coração.

Mas, afinal, o que mudou? Como podemos prevenir a hipertensão antes que ela se torne um problema sério? E quais são as melhores formas de tratamento?

Por isso, convidamos a Dra. Cláudia Nogueira, que faz parte da rede da AfroSaúde, para esclarecer mais sobre o assunto.

AfroSaúde: O que mudou na forma como classificamos a pressão alta?

Dra. Cláudia Nogueira: Até pouco tempo, considerava-se normal uma pressão arterial de até 120/80 mmHg. No entanto, as diretrizes europeias mais recentes agora classificam valores acima de 120/70 mmHg como elevados, indicando um maior risco cardiovascular. A nova classificação divide a pressão arterial em três categorias: não elevada (abaixo de 120/70 mmHg), elevada (entre 120-139/70-89 mmHg) e hipertensão arterial (igual ou superior a 140/90 mmHg). Essa mudança reforça a importância de detectar precocemente qualquer alteração e adotar hábitos saudáveis antes que a hipertensão se instale.

AfroSaúde: Como podemos prevenir a hipertensão antes que ela se torne um problema sério?

Dra. Cláudia Nogueira: A prevenção da pressão alta passa principalmente por mudanças no estilo de vida. A prática regular de atividades físicas é uma das principais recomendações dos especialistas. O ideal é realizar pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos de intensidade moderada, como caminhada rápida, ou 75 minutos de exercícios intensos, como corrida. Além disso, incluir musculação ou atividades como pilates pode trazer benefícios adicionais para o controle da pressão. 

A alimentação também desempenha um papel essencial na prevenção, sendo recomendado um cardápio rico em frutas, verduras, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura. Reduzir o consumo de sódio é fundamental, já que o excesso de sal está diretamente ligado ao aumento da pressão arterial. Outros fatores que contribuem para a saúde cardiovascular incluem o controle do peso corporal, a moderação no consumo de álcool e o gerenciamento do estresse com técnicas como meditação e ioga.

AfroSaúde: Por que medir a pressão em casa pode fazer toda a diferença no controle da saúde do coração?

Dra. Cláudia Nogueira: Quando a hipertensão já está instalada, o tratamento pode envolver tanto mudanças no estilo de vida quanto o uso de medicamentos. As novas diretrizes recomendam que, em vez de aumentar a dosagem de um único remédio, os médicos iniciem o tratamento com uma combinação de dois medicamentos em doses mais baixas. Isso reduz efeitos colaterais e melhora a eficácia do controle da pressão. 

AfroSaúde: Como os jovens podem ficar atentos em relação a HAS visto que cada vez mais pessoas mais novas estão sendo diagnosticadas pela doença?

Dra. Cláudia Nogueira: Muitas pessoas nessa faixa etária não apresentam sintomas, mas já possuem a pressão alterada, o que pode levar a complicações cardiovasculares a longo prazo. Por isso, a recomendação é que mesmo os jovens monitorem sua pressão regularmente e adotem hábitos saudáveis desde cedo. Manter uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e praticar exercícios físicos são medidas fundamentais. Além disso, controlar o estresse, evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool ajudam a reduzir o risco de desenvolver a doença. Pessoas com histórico familiar de hipertensão devem ter um cuidado ainda maior e realizar aferições periódicas da pressão arterial.

A hipertensão arterial pode ser silenciosa, mas a prevenção e o controle são totalmente possíveis com pequenas mudanças no dia a dia. 

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